Em Campinas, em 1999, teve início o projeto Vídeo Narrado, no Centro Cultural Braille de Campinas. A coordenadora da entidade na época, Maria Eduarda Leme, iniciou o projeto e convidou Maria Cristina Loyola Martins e, posteriormente, Bell Machado para narrarem, semanalmente, as imagens de filmes para as pessoas frequentadoras da instituição.
Mais tarde, em 2001, Loyola publicaria na Revista Benjamin Constant o primeiro trabalho a respeito da audiodescrição no Brasil, “Vendo filmes com o coração: o projeto vídeo narrado”. E Bell Machado dando continuidade às pesquisas na área, tornou-se reconhecida como uma das pioneiras da audiodescrição no país, com artigos publicados sobre o assunto e fazendo deste o tema de sua dissertação de mestrado: "Parte invisível do olhar – Audiodescrição no cinema: a constituição das imagens por meio das palavras: uma proposta de educação visual para a pessoa com deficiência visual no cinema" (2015, Unicamp).
O projeto em formato cineclubista consistia em exibições de filmes de longa metragem em fitas de vídeo exibidas em uma televisão para pessoas cegas ou com algum tipo de deficiência visual. Um dos primeiros filmes narrados foi Central do Brasil, outras vertentes eram exploradas, assim como também o cinema comercial. Um dos maiores desafios, na época, era fazer as audiodescrições simultâneas dos filmes Harry Potter e Senhor dos Anéis. Foi na construção conjunta com a audiência com deficiência visual que se consolidaram as estratégias e entendimentos sobre a melhor maneira de traduzir as imagens dos filmes em palavras. Dessas trocas, destaca-se a participação de Jean Braz como um pioneiro da consultoria em audiodescrição.
Com o surgimento da política dos Pontos de Cultura, levada à cabo por Célio Turino, durante sua atuação no Ministério da Cultura na gestão de Gilberto Gil, a ação ganhou reconhecimento nacional. Sob o nome "Cinema em Palavras", o projeto foi inscrito no primeiro edital de 2004, para financiamento de iniciativas culturais. Seu caráter inovador e vocação para a promoção da cidadania cultural, levaram a sua contemplação, sendo inaugurado em Agosto de 2005 junto com os primeiros pontos de cultura do Brasil.
O plano de trabalho dos primeiros anos contava, além das exibições de filmes, com a aquisição de equipamentos de informática e formação para letramento digital, além de aulas de línguas e filosofia. O Ponto de Cultura Cinema em Palavras atuou no município de Campinas e em festivais por todo o país até o ano de 2012, quando seus principais integrantes formalizaram o encerramento do projeto e seu descadastramento da política federal.