No ano de 2024 comemoramos os 20 anos que o Cinema em Palavras foi contemplado no primeiro edital de Pontos de Cultura (2004) do país. Um marco para o fortalecimento e reconhecimento nacional do projeto, que desde Campinas desenvolveu, de forma pioneira, técnicas de acessibilidade para fruição e participação cultural de pessoas com deficiência visual, que hoje conhecemos como audiodescrição.
As ações comemorativas foram marcadas pelo fomento de políticas públicas de cultura. Especificamente, pelo edital de Fomento à Cineclubes e de Formação e Qualificação em Audiovisual da Lei Paulo Gustavo do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo. Desta forma ao longo do segundo semestre de 2024 retomamos as sessões do cineclube com audiodescrição no Centro Cultural Louis Braille. Para partilhar esta história com um público amplo, realizamos palestras virtuais sobre a política dos pontos de cultura com Célio Turino e Maria Eduarda Leme (20/09/2024) e sobre a história da audiodescrição no Brasil com Rafael Braz e Márcia Caspary (26/09/2024), ambas com mediação de Bell Machado e parceria do Pontão de Cultura Aretê e do Cultura Viva 20 Anos.
Promovemos uma oficina para professores do programa Cinema & Educação da Secretaria Municipal de Educação de Campinas (14/08/2024) e sessões descentralizadas para discussão a respeito da audiodescrição com as comunidades do Quilombo Íris de Jesus (30/08/2024) e da Casa de Cultura Tainã (31/08/2024). Levamos a discussão a respeito da acessibilidade cultural para o Programa Aluno Artista da Universidade Estadual de Campinas (05 e 12/11/2024). E em sessões comemorativas, promovemos o encontro da comunidade local com realizadores audiovisuais DEFs, por meio de uma sessão retrospectiva de videoartes da artista Estela Lapponi e da exibição dos documentários "Meu Nome é Daniel" e "Assexybilidade" de Daniel Gonçalves.
Uma das grandes preocupações do projeto atual foi a formação de profissionais da audiodescrição com foco no cinema, desta forma realizamos duas edições do curso EAD - Obra como Metodologia: História e Linguagem Cinematográfica - ministrado por Bell Machado e Rafael Braz, com participação de estudantes de todas as cinco regiões do país, além de Argentina e Portugal. Retomando o caráter comunitário próprio da política dos pontos de cultura, atuando estrategicamente no território de Campinas. Promovemos um curso de acessibilidade cultural voltado à comunidade LGBTQIA+ (27/06 a 11/07/2024). Nos aproximando das universidades (Unicamp e PUCC), por meio de ofertas de palestras para estudantes da graduação (20 e 21/08/2024). Promovemos oficina prática de marcenaria com Katrine Santos para construção colaborativa de três cabines acústicas para audiodescrição ao vivo, para filmes sem audiodescrição gravada, performances e espetáculos. Os mobiliários foram doados para a Casa de Cultura Aquarela, a Sala dos Toninhos e o Centro Cultural Casarão, a fim de promover a oferta de programação acessível para a população de Campinas. Também foram realizadas, entre Dezembro de 2024 e Fevereiro de 2025, oficinas introdutórias de audiodescrição voltadas para o setor cultural local com Oscar Capucho, Jo Caravelli, Gilson Monteiro, Lara Souto, Pedro Orlando do Vale, Rebeca Barroso de Lima, Paulo Henrique da Silva Leonardo e Araçari Salles Teixeira.
As memórias do Cinema em Palavras, assim como algumas das ações do projeto estão registradas no livro "Cinema em Palavras - 20 anos de memória: o político e o social na memória da audiodescrição" com textos de Bell Machado, Célio Turino, Daniel Gonçalves, Daniela Bastos, Jean Braz, Luana Pimentel, Maria Eduarda Leme, Rafael Braz, Sara Mabel Ancelmo Benvenuto, Vera Lúcia Santiago Araújo. Neste site os conteúdos PDF com audiodescrição e tradução em vídeo-libras podem ser acessados na aba "publicação".
Esperamos que essas ações comemorativas possam documentar a importante trajetória do Cinema em Palavras, assim como também reverberar entre a comunidade a importância das políticas públicas, da participação cultural e dos direitos culturais da população como um todo, e especificamente, das pessoas com deficiência visual.